Agora uma equipa de biólogos australianos descobriu que o crescimento destes seres marinhos, de que depende todo o ecossistema, sofreu um abrandamento desde 1990. O aquecimento global é o grande culpado
A Grande Barreira de Coral, na Austrália, teve desde 1990 o seu crescimento mais lento dos últimos 400 anos. É a conclusão de um estudo realizado pelo grupo do biólogo Glenn De'ath, do Australian Institute of Marine Science, e publicado hoje na revista Science. Os cientistas alertam que um aumento na taxa de declínio dos corais se repercutirá em dezenas de milhares de espécies marinhas.
A equipa de Glenn De'ath avaliou um total de 238 colónias de grandes corais chamados Porites, em 69 bancos de coral diferentes, na região australiana, e verificou que o crescimento destas espécies sofreu um abrandamento desde 1990. As pesquisas sugerem que essa situação se deve à combinação de três factores que estão, aliás, ligados entre si: o aquecimento global da atmosfera, o crescimento do teor de acidez da água do mar e a diminuição no oceano dos carbonatos (que os corais utilizam para produzir os seus "esqueletos").
O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre, em consequência das actividades humanas, levou por seu turno a que os oceanos absorvessem também maiores quantidades de CO2. Este processo tem causado uma diminuição do PH na água do mar e, por consequência, o aumento da sua acidez. E esta, num efeito de cascata, causa um decréscimo de elementos carbonatados na água.
Este é o processo. Nas consequências para a vida marinha, a diminuição da concentração de carbonatos nos oceanos pode ter um grande impacto, já que a fauna marinha com conchas, carapaças ou esqueletos, à base destes elementos, deixa de os poder produzir se acidez dos oceanos continuar em escalada.
A equipa de De'ath descobriu que os corais na grande barreira australiana sofreram uma quebra de 13,3 porcento na produção dos seus esqueletos desde 1990, o que é um sinal de alarme. Os corais estão na base de um ecossistema muito rico.
Se não puderem subsistir num oceano mais ácido, as consequências para a biodiversidade serão problemáticas.
FILOMENA NAVES in DN Online
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