E foi então devolvida à sociedade secreta a que pertencem várias gerações da família Bush. Agora, o Departamento de Justiça dos EUA pediu aos tribunais para rejeitarem um novo pedido dos descendentes de Geronimo que pretendem recuperar os seus ossos para os voltarem a enterrar.
A 20 de Fevereiro, descendentes do guerreiro índio apresentaram uma queixa contra o Presidente Barack Obama , o secretário de Estado, Robert Gates, e o secretário do Exército, Peter Geren, enquanto responsáveis federais. Os Apaches garantem que estes, bem como a Skulls and Bones, estão a violar uma lei de 1990 que protege o direito dos nativos aos restos mortais dos antepassados.
Os índios exigem que as ossadas lhes sejam devolvidas. Segundo eles, os restos mortais de Geronimo terão sido roubados em 1918 ou 1919 por membros da Skulls and Bones. "Queremos libertar os ossos de Geronimo depois de cem anos reféns em Fort Sill, no Oklahoma [onde se situa o seu túmulo], no campus da Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, ou em qualquer outro local onde possam estar", escrevem os Apaches, numa queixa citada pela BBC. O Departamento da Justiça garante que a sua queixa não tem fundamento.
Os índios Apaches baseiam as suas alegações na lenda segundo a qual um grupo de membros da Skulls and Bones - do qual faria parte Prescott Bush, pai do presidente George H. W. Bush e avô do também presidente George W. Bush - terão invadido o túmulo de Geronimo e roubado a caveira e outros ossos para adornarem a sua "sede" no campus de Yale. Os responsáveis da universidade têm repetido que as ossadas não estão na sua posse e não respondem pelos actos da Skulls and Bones.
Nascido em parte incerta do então México - hoje estado americano do Novo México -, Geronimo é o mais famoso guerreiro apache. Baptizado Goyathlay (Aquele que Boceja) pelos pais, cedo se destacou na tribo Bedonkohe, sendo aceite no Conselho dos Guerreiros aos 17 anos. Em meados da década de 1850, os Bedonkohe acamparam junto a Sonora, onde o negócio era mais próspero.
Um dia, enquanto os homens estavam na cidade, os mexicanos atacaram o acampamento, matando mulheres e crianças. A mulher e os três filhos de Goyathlay estavam entre as vítimas. Este triste acontecimento marcou o resto da vida do índio, que passou a odiar todos os mexicanos. O pacífico apache transformava-se assim num Chiricahua, membro do bando de guerreiros daquela tribo conhecidos pela sua ferocidade no combate.
Foi com os Chiricahua que Geronimo combateu durante anos tanto os mexicanos como os americanos, cujo avanço sobre as terras apaches parecia imparável. Terão sido os mexicanos a dar a Goyathlay o nome pelo qual entraria para a História. De facto, o seu espanto perante as técnicas de combate deste líder militar foi tal que terão exclamado: "Jerónimo!", numa evocação de São Jerónimo. O nome pegou e mantém-se até hoje.
Para além das suas qualidades de guerreiros, Geronimo ganhou ainda um lugar na história graças às fugas que protagonizou. Assim passou vários anos, matando e fugindo, enquanto ia coleccionando mulheres e filhos entre o Sul dos Estados Unidos e o Norte do México.
Geronimo acabaria por ser apanhado em 1886 e levado com os seus homens para a Florida. Separado da família, acabaria por a rever anos mais tarde, quando passou a percorrer as feiras dos Estados Unidos a contar a sua história e vender fotografias suas.
A lenda de Geronimo, que ao longo dos anos foi sendo descrito como um guerreiro feroz capaz de matar mexicanos e americanos, ganhou de tal forma o imaginário americano que o índio, que morreu de pneumonia em 1909, aos 80 anos, deu nome a três cidades dos EUA, além de a sua história ter inspirado inúmeros filmes.
in DN Online